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Oscar 2023: tô animada e quero falar sobre

11/03/2023

Você também tá animada com o Oscar 2023, que já é amanhã? Eu, como boa amante de cinema, todo santo ano fico! Assisto sempre a premiação, ainda que em algumas edições tenha visto poucos filmes (ou até nenhum, risos). Faço meu momento: um vinho, coisinhas gostosas para comer e muitos palpites – com fundamento ou não, hahaha – sobre quem leva a estatueta.

Oscar 2023: onde assistir

Antes de comentar sobre os longas que já assisti, vou deixar aqui aquela informação de serviço que muita gente procura: a cerimônia desse ano acontece no dia 12 de março, a partir das 21h, na transmissão brasileira. Infelizmente, não vai passar na TV aberta. Você pode conferir o esquenta a partir das 20h no canal pago TNT ou na plataforma de streaming HBO Max.

Indicados ao Oscar 2023

A premiação é super extensa, contemplando 23 categorias. Mas claro que tem filmes mais visados que outros, uma vez que foram indicados a um número maior de estatuetas. Vou começar comentando sobre um que já assisti, que é Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, campeão de nomeações (11 no total). Ele está disponível no Prime Video. Tem ainda nos cinemas também, caso você prefira a telona.

Aviso: a partir daqui, meu texto tem spoilers, tá? A ideia é comentar mais detalhadamente os filmes que já vi.

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo

Sinopse

Em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, acompanhamos uma sobrecarregada imigrante chinesa chamada Evelyn Wang (Michelle Yeoh). Com sua lavanderia à beira do fracasso e seu casamento em ruínas, ela luta para lidar com tudo, incluindo um relacionamento ruim com seu pai crítico e sua filha (Stephanie Hsu).

E, como se não bastasse enfrentar a crise pessoal, Evelyn precisa se preparar para uma reunião desagradável com uma burocrata impessoal: Deirdre (Jamie Lee Curtis), a auditora da Receita Federal. No entanto, à medida que a agente severa perde a paciência, uma inexplicável fenda no multiverso se abre, tornando-se uma possibilidade para a exploração reveladora de realidades paralelas.

Evelyn parte rumo a uma aventura em que, sozinha, precisará salvar o mundo e impedir que uma entidade maligna destrua as finas e incontáveis ??camadas do mundo invisível. Explorando outros universos e outras vidas que poderia ter vivido, as coisas se complicam ainda mais quando ela fica presa nessa infinidade de possibilidades sem conseguir retornar para casa.

Minha opinião

Confesso pra você que, apesar de gostar do tema multiverso, não tenho muita paciência para filme de ficção científica – até porque sempre entra muita ação nessa mistura, né? Com realidades paralelas se abrindo o tempo todo, então… Caramba, é muita coisa para processar. E é exatamente assim que boa parte da história desse longa se desenrola: num ritmo frenético de dar nó na cabeça muitas vezes – pelo menos na minha!

Porém, o pano de fundo usado para tudo isso – a relação de Evelyn com sua família – foi capaz de me fazer ficar. A protagonista é uma mulher dura, que você não ama de primeira. É só observando sua história de vida e as nuances de seu comportamento que fica claro o quanto ela não é assim porque quer, mas porque a própria vida a endureceu. E isso pega fundo, não pega?

É sensível a evolução da personagem ao longo da trama, como se suas camadas fossem saindo uma a uma. No fim, cada experiência entre as infinitas possibilidades tem uma função justificada de fato. Fiquei muito emocionada com o diálogo de Evelyn com o marido, quando ele diz que ser bondoso é uma escolha consciente como forma de enfrentar o mundo. A relação entre ela a filha também mexeu comigo e, sim, eu gostei que teve uma espécie de final feliz dentro do quiproquó todo.

Vou torcer!

Acho muito possível que Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo ganhe diversos Oscar (merecidamente), porém, esse não foi meu filme preferido dentre os que assisti, pois esse lugar pertence a Os Banshees de Inisherin, ainda em cartaz nos cinemas. O longa empata com Nada de Novo no Front (exclusivamente na Netflix) com 9 indicações.

Os Banshees de Inisherin

Quando brevemente comentei no nosso Insta que esse é meu filme favorito do Oscar 2023, algumas pessoas vieram me indagar como isso seria possível. Afinal, olhando de relance, esse parece apenas o retrato da crueldade de um amigo egoísta em seus desejos para outro, que sofre sem entender o que, de fato, está acontecendo. Não sou crítica de cinema, obviamente, porém quero compartilhar um pouco da minha visão sobre essa OBRA DE ARTE (sim, eu realmente amei muito).

Sinopse

Os Banshees de Inisherin se passa na ilha fictícia de Inisherin, em 1923, durante a Guerra Civil Irlandesa. Pádraic (Colin Farrell) é um homem extremamente gentil cujo ser inteiro é abalado depois de experimentar a crueldade abrupta e casual de Colm (Brendan Gleeson), seu amigo de longa data.

Pádraic, confuso e devastado, tenta reatar o relacionamento com o apoio de sua irmã, Siobhán (Kerry Condon), que junto com Dominic (Barry Keoghan), filho do policial local, tem suas próprias preocupações dentro da pequena ilha. Mas quando Colm lança um ultimato chocante – cortar um de seus próprios dedos a cada tentativa de contato de Pádraic – os eventos começam a se intensificar.

Minha opinião

Primeiro é preciso lembrar que, no cinema, nem sempre os meios para instigar nosso pensamento sobre a trama parecem lógicos ou são belos. Tampouco, levam a uma conclusão clara e irrefutável, justamente o que acontece em Os Banshees de Inisherin. Sendo assim, o que sobra para quem assiste é o que pessoalmente acho mais divertido: a possibilidade da interpretação. Eis a minha:

Pense no contexto em que tudo se desenrola: Guerra Civil Irlandesa. Por mais distantes do conflito que estivessem os personagens, de certa forma seguros em sua pequena ilha, a perspectiva do fim – ou da mudança de tudo o que é conhecido até então – afeta o íntimo de Colm. Não vejo motivação política em suas decisões, mas uma revisão profunda de sua própria existência.

Ele se dá conta do quanto é pequeno frente à vida e aos acontecimentos e sente a urgência de mudar o rumo da história antes que seja tarde demais. De início, acredita que, com a música, pode deixar um legado muito maior do que, simplesmente, ser lembrado como um bom amigo ou um membro querido pela comunidade. Itens esses que, inclusive, Pádraic em sua jornada pessoal acha suficientes para ser um grande homem.

Para mim, a motivação básica de Colm não muda durante o filme – só chega a consequências máximas que, curiosamente, o levam justamente para o que ele tanto desejava: ter uma história digna de ser contada. Afinal, por quantas gerações pode sobreviver o insólito caso de um violinista que cortava os próprios dedos a cada tentativa de contato do seu ex-melhor amigo? A trama é envolvente na telona e numa possível vida real, não dá para negar.

Vou torcer muito!

Apesar de não ser agradável de assistir em muitos momentos (e de eu ter peninha do Pádraic), Os Banshees de Inisherin é fantástico nas interpretações de todos os personagens, nas pitadas de humor certeiras e nos diálogos profundos.

Triângulo da Tristeza

Vi a pré-estreia de Triângulo da Tristeza no cinema a convite da Diamond Films – muito chique, né? O filme também está disponível no Prime Video e na Apple TV. Ele foi indicado a 3 estatuetas no Oscar 2033, então não é super visado. Porém, como eu assisti, resolvi comentar por aqui também.

Sinopse

Triângulo da Tristeza é o filme vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2022. A história começa acompanhando os jovens modelos Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean), que estão navegando pelo mundo fashionista enquanto tentam se tornar influencers. Eles ganham passagens para viajar num cruzeiro de luxo, sendo os únicos passageiros de classe média num grupo de milionários. O barco é liderado por um alcóolatra capitão comunista (Woody Harrelson).

Porém, o navio naufraga, deixando os sobreviventes presos numa ilha deserta. A hierarquia do grupo muda completamente quando, dentre esse bando de ricaços, a única pessoa que sabe como sobreviver no local inóspito é a faxineira filipina – capaz de pescar e fazer uma fogueira. Logo, essa sarcástica comédia dirigida e escrita por Ruben Östlund passa a discutir a nova dinâmica que inverte os poderes entre os sobreviventes, questionando também os papéis de gênero.

Minha opinião

A história é dividia em 3 partes: antes do casal embarcar no cruzeiro, durante a viagem e depois que o navio afunda. Confesso que achei o começo do filme um pouco enfadonho, com a discussão eterna de Carl e Yaya sobre quem deveria pagar a conta do restaurante. Mas, conforme a trama vai se desenrolando, dá para perceber que isso teve fundamento.

Se você gosta de ver gente muito rica e/ou superficial se lascando, vai gostar de Triângulo da Tristeza. Como é de se imaginar, os frequentadores da embarcação são super esnobes. Eu, pessoalmente, não me conectei com NENHUM personagem desse núcleo. Diferentemente do que acontece na série The White Lotus, eles não demonstram algo mais profundo por trás das aparências.

Então, ainda que as cenas dos ricaços passando mal com o mar revolto durante o jantar sejam extremamente escatológicas, não dá para negar que causam uma sensação de vingancinha vinda do proletariado espectador. Depois, a granada atirada pelos piratas justamente nos donos de uma empresa que fez fortuna com armas de guerra… Sinto muito, vovôs, mas vocês são muito sem noção.

Por mim, afundava todo mundo. Contudo, rolaram sobreviventes para a última – e ainda mais doida – parte da história. Aí entra Abigail, que era do staff do cruzeiro e passa a se comportar como a líder tirana do grupo que nada sabia fazer sem ela para sobreviver. Digo que ela é tirana porque alguns de seus comportamentos são questionáveis, na minha opinião.

Porém, se a gente for parar pra pensar melhor… A situação era uma das poucas – senão a única – dentro da realidade da personagem em que ela poderia, de fato, fazer valer sua própria vontade. E Abigail agarra a oportunidade com unhas e dentes – até a última consequência. Nessa dinâmica, coloca-se na fogueira, mais uma vez, a lógica do poder, dos recursos também dos papéis de gênero.

Vou torcer!

Triângulo da Tristeza é, enfim, um filme interessante. É provável que ganhe pelo menos uma estatueta dentre suas poucas indicações a julgar pela boa performance na Palma de Ouro.

Resumindo

Tô aqui na torcida máxima por Os Banshees de Inisherin – e o que vier em relação aos outros longas, que também gostei, é lucro. Se você ficou até aqui, obrigada por me acompanhar nessa análise amadora de 3 filmes do Oscar 2023. Gostaria de ter visto mais, mas já me apeguei nos que assisti!

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1 Comentário

  • responder Maria 16/03/2023 às 18:38

    Antes do oscar só assisti o Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo e amei! Morri de chorar no final. Rs
    Achei a história de vida dos atores mto emocionante também. Estava torcendo p/ ele ganhar.
    Dos indicados, ainda quero assistir Baleia,.

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