Reflexão

Sobre coisas aleatórias das quais tiramos uma lição

16/03/2017

Tudo começou no dia inicial dessa semana, o domingo. Depois de muito tempo enrolando, aproveitei a tarde ensolarada para finalmente estrear meus patins “novos” – entre aspas porque comprei o par tem mais de ano. Descobri que a memória para eles é bem diferente daquela que costumamos ter com a bicicleta (“uma vez que a gente aprende, não esquece nunca mais”, dizem), mas segui em frente.

Só que eu caí. Caí doído. Fiquei estirada no chão olhando pras nuvens enquanto meu braço esquerdo latejava querendo chamar minha atenção. Tentei ignorar e me levantei, continuei vivendo e, já bem tarde, percebi que a dor não ia cessar. Pronto atendimento, raio X, diagnóstico, remédio duas vezes por dia e uma tipoia para imobilizar. Ao despertar da primeira noite, foi-se embora meu bom humor.

Curitiba tratou de se mostrar cinza – talvez para combinar com meu espírito irritado pela falta de mobilidade e sonolento pelo medicamento. Depois de um dia inteirinho sentindo que estava somente pairando sobre mim, pedi arrego. Minha mãe foi me buscar para que eu viesse ao refúgio perfeito, a casa dela. Cama, mesa, banho: ganhei de tudo, mas ainda assim não respirei aliviada.

No dia seguinte, me arrastei pelas horas da mesma maneira. E então percebi que a questão que me afligia era outra. Eu caí de verdade e, do jeito que pude, soube me levantar. Mas não me levantei do tombo imaginário – aquele que sempre pode acontecer na estrada da vida (da minha, da sua). Fiquei colada no chão, sem força nenhuma e só observando as nuvens passarem.

Foi então que, mesmo com dor, tratei de ficar em pé para a caminhada, voltando a dar meus passinhos lentos, mas constantes. E assim foi dessa vez – nas próximas, espero que me levante lembrando do dia em que caí de patins: com força de vontade para continuar.

A história é absolutamente real e ainda estou de tipoia, catando milho pra escrever – por isso, respostas a comentários e e-mails demorarão um pouquinho mais que o normal, ok?

Foto: Shutterstock

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18 comentários

  • responder Michele Bdz 16/03/2017 às 15:11

    Sabe, eu pelo menos em todas as vezes que me levantei na vida, senti que o ‘levantar’ dói bem mais que o cair propriamente dito…. :/

  • responder ZILANDRA BATISTA RODRIGUES 16/03/2017 às 15:46

    Vc escreve super bem
    muito madura na sua maneira de falar
    vi deu video hoje sobre desapego e olha
    me ajudiu demais

  • responder Erika 16/03/2017 às 15:50

    Quanto tempo pra tirar a tipóia?
    Melhoras pra você.

  • responder lígia 16/03/2017 às 16:00

    Hô Thais, que você melhore 100% logo! E as quedas são necessárias para nosso aprendizado.

  • responder Erika/SP 16/03/2017 às 16:33

    Nossa Thais, que susto hein! Imagino o quanto deve ter sido dolorido esse tombo! Se cuida e melhoras!!! Acabei de me inscrever no canal de vcs, tô adorando a frequência e o conteúdo que tem sido apresentado, sou muito fã do trabalho de vcs três! 🙂 Beijocas!!! Erika/SP

  • responder Danyelle 16/03/2017 às 17:35

    Vixi Thais, eu cismei que vou voltar a andar de patins também. Comprei um par bonitão, lilás e branco, com as rodas quad tb. Quando era pequena, andava pra caramba (mas no in-line. Nunca no quad. A experiência é muito diferente rs). Mas agora, depois de “velha”, tenho muito mais medo de cair e me ferrar… Ando cheia de medinho e me sinto mal por isso sabe?! O pior é que não sei bem se o medo de cair é mais pela possibilidade de dor física ou de dor moral (morro de vergonha de pagar mico na frente de um monte de gente que anda com tanta facilidade que parece que já nasceu com rodas no lugar dos pés… rs). Espero que nós duas possamos encarar o desafio de cabeça erguida e assimilar que cair faz parte (de patins e na vida). Mas levantar é uma escolha necessária, certo?! Beijos e melhoras!

  • responder Mirella Agochian 16/03/2017 às 18:14

    Quando comecei a andar de patins, tive uma percepção de que assim como estar com medo sobre rodas, é terrível querer levar a vida adiante quando estamos inseguros sobre onde pisar. Querer prosseguir e não saber como ou saber como e se sentir instável é uma lição que o patins me trouxe. Melhoras para você!

  • responder Claudia Vilalva Cassaro 16/03/2017 às 18:37

    “Mesmo com dor, tratei de ficar em pé para a caminhada”
    Thais, você não pode imaginar o enorme significado que essa frase acabou de ter para mim. Há menos de 24 horas, terminei um relacionamento de quase 8 anos. Assim como seu tombo, está doendo pra caramba. Mas estou tentando caminhar. A queda e o medo imaginário doem, mas não podemos nunca deixar de seguir em frente… Melhoras!

    • responder Tatiana 16/03/2017 às 18:45

      hoje é a dor da morte, amanhã um pouco menos, depois de amanhã já dá até p’ra esboçar um sorriso e numa quarta-feira qualquer você acorda e percebe que o coração não sofre mais.
      força, Claudia!

    • responder Claudia Vilalva Cassaro 16/03/2017 às 19:08

      Lindas palavras. Obrigada Tatiana <3

    • responder Gabriele 17/03/2017 às 11:27

      CLAUDIA VILALVA CASSARO, terminar um relacionamento é uma das piores dores que já senti. Ainda mais se for longo, repleto de lembranças e cheio de planos destruídos. A gente se sente perdida, fora do corpo, sem chão. Por pior que tenham sido os motivos que levaram ao término, dói no fundo da alma ficar longe da pessoa. Não é só um namorado/marido que se perde, é ao mesmo tempo o melhor amigo, o travesseiro das noites mal dormidas, o aconchego. Mas quer saber… assim como os dias felizes, os ruis também passam! JURO! Vai demorar o tempo suficiente para que as tuas feridas sarem, mas quando menos esperar passou!
      Falo isso pq terminei um relacionamento longo e um mês depois minha avó (segunda mãe) teve um AVC e internou no hospital para morrer. Vocês não fazem ideia do meu desespero e do que era chegar no hospital e ela me perguntar: “E o meu neto (no caso o ex) não vem me ver?”. Não contei pra ela do término, ela se foi sem saber. Não pedi pra ele ir visitá-la, pois ele soube de tudo e sequer me mandou uma mensagem durante todo o período que ela passou internada, nem depois que ela faleceu. E quer saber? Passar por tudo isso sozinha me fez mais forte! Sofri muito, chorei muito, emagreci muito… mas passou! Não foi de uma hora pra outra, e sim aos pouquinhos, cada dia um pouquinho melhor que o anterior… e o tempo foi passando!
      E de repente eu me vi feliz de novo e resolvi curtir muito a minha vida (que finalmente eu tinha de volta), fiz muita festa, viajei pra um lugar que sempre sonhei em conhecer – e o ex não queria (Machu Picchu), conheci muuuuita gente bacana, enfim, vivi! É isso que te aconselho a fazer… VIVA! Não fique remoendo o passado, isso só vai te machucar! O que foi… foi! Passar o dia pensando nisso, não vai mudar em NADA o que aconteceu! Se sentir que a barra tá pesada demais, procure TERAPIA! Esse é um período fantástico para SE CONHECER! Eu fiz e me ajudou muito!

      Hoje eu estou feliz em um novo relacionamento… mas antes disso, eu fiquei feliz SOZINHA, com meu coração limpo e tranquilo! Se perdoe, perdoe ele, guarde as boas recordações e siga feliz! <3

      *PS: Desculpa o textão, mas é que eu sempre me solidarizo com a dor de amor! Chega a me dar um apertinho no peito! 😉

  • responder Márcia Daniella 16/03/2017 às 22:41

    Uma queda virou minha vida de cabeça pra baixo e esse assunto me emociona muito. Sofri muito e superei em boa parte. Tenho sequelas pra sempre, mas também um aprendizado enorme.

  • responder Kah 17/03/2017 às 09:30

    Acho incrível como cair fisicamente ou nos machucarmos fisicamente muitas vezes não chega perto da dor de “cair na vida ou tomarmos uma rasteira dela”. A dor no coração, na alma ou psicológica acaba sendo muito maior que a física e reflete em absolutamente em tudo em nossas vidas, por isso, acabamos não nos levantando de verdade e passamos os dias nos arrastando.
    Uma vez eu estava trabalhando com uma prancheta nas mãos e ela caiu no meu pé, doeu e, doeu muito, mas percebi que não doía mais que meu peito. Então coloquei o pé no chão e voltei a trabalhar.

  • responder Marianne 17/03/2017 às 11:30

    Thais, que texto bacana! Eu também decidi comprar um patins (inline) e voltar a andar, já que tenho na memória de infância que eu era muito fera! hahaha
    Mas quando eu calcei o patins pela primeira vez, tive um medo absurdo de cair e me ferrar toda. Tirei o patins, comprei um kit completo de proteção (daqueles que a gente nunca usaria na infância) e comecei a andar. Ainda tenho medo mas agora consigo ter mais confiança. E realmente não é igual a bicicleta, eu ainda lembro perfeitamente como andar e arrasar no patins mas quem disse que os meus pés obedecem?
    Melhoras querida!
    XoXo

  • responder Gabi 17/03/2017 às 17:28

    Me identifiquei muito com seu post!
    Coincidentemente, comprei um patins a pouco tempo, e realmente a gente esquece o que aprendeu quando criança. Nas primeiras vezes fui cuidado e consegui ir evoluindo, mas da última vez tomei um tombo feio. Fiquei com um roxo enorme na perna e muito aborrecida. Parece que quando a gente é criança, tudo é mais fácil… agora tentei a voltar a andar de novo, pra perder o medo, mas fica aquele receio de cair. Eu nunca fui de ter medo, e sempre fui de cair, levantar, sacudir a poeira e seguir em frente… mas parece que a gente vai ficando mais velha e vai ficando mais difícil.

  • responder Miriã Andrade 17/03/2017 às 22:30

    Boa recuperação em todos os sentidos, Thais! <3

  • responder Vanessa 17/03/2017 às 23:39

    Oie Thais!

    Menina, eu acompanho o blog de vocês há muito tempo e acho que nunca escrevi aqui. Sou fã demais das três; mas eu super me identifico com você; e o mais curioso, é que sempre que eu vejo seus posts (estilo esse aqui), ou live e até mesmo vídeos, parece que você esta vivendo a mesma coisa que eu; e ao mesmo tempo que eu acho super curioso, eu acho o máximo, porque quando eu vejo certas coisas que você fala ou escreve; acaba me fazendo refletir melhor sobre o que estou passando. É como se eu estivesse vendo a Vanessa (eu) falando de suas ideias e atitudes; e de certa forma isso facilita e muito a minha autocritica. E de certa forma me ajuda muito a crescer!
    Enfim, continue sempre com esses seus posts; é sério! Porque da mesma forma que eu me identifico e me ajuda bastante, certamente existem várias outras Taís, Vanessas, Joanas e por ai vai por esse mundo que você consegue ajudar.
    E Marina e Sá, eu iria achar o máximo que vocês fizerem esses tipos de posts também.

    Obs: Adorei esse patins com essa meia. Muito anos 80. Hahaha.

    Um beijo enorme da fã que quase nunca escreve aqui, mas que sempre esta passando aqui e em todas as redes sociais para acompanhar vocês! =D

    Sucesso, gurias! =*

  • responder Nanci 18/03/2017 às 09:44

    E como a gente faz para APRENDER a andar de patins com quase 40 anos? É uma das minhas frustrações. Quando vejo crianças andando com a maior facilidade, fico me sentindo looser. Kkkkk

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