Quanto tempo você passa no Instagram? Fiquei uma semana olhando o app o mínimo possível – será que deu?

Certo dia, fuçando nas configurações do meu Instagram pessoal, resolvi clicar no botão Sua Atividade, que mostra quanto tempo o usuário passa por dia no aplicativo. Um dos dados me deixou chocada: numa segunda-feira comum, tinha gastado impressionantes 9h33 por lá. Fiquei pensando que isso é mais que uma jornada inteirinha de trabalho, fora outras medidas que fiz, do tipo “quantos episódios de uma série dá pra ver” ou “9 horas é o tempo de viagem Curitiba/Porto Alegre de carro”.

E isso que a medida não corresponde ao Insta do Coisas de Diva também, que tem sua contagem separada. Entro na nossa conta uma vez a cada 3 dias pra postar conteúdo e quase todos os dias volto pra ver se tem algum direct retroativo que preciso responder. Ou seja, o tempão enfiada no app é proporcional à rolagem bobinha do feed, aos Stories de quem sigo, aos vídeos de IGTV ou lives que me interessam, às mensagens e comentários que recebo… Nada de trabalho!

Dia 0 – a resolução

Por isso, resolvi começar a experiência de ficar uma semana olhando o aplicativo o mínimo possível. Primeiro, coloquei em prática uma decisão importante, que foi a de restringir as respostas aos Stories para pessoas que não sigo. Sei que pode ter parecido meio antipático, mas foi em nome da ciência, juro! hahahaha Se você soubesse o tanto de mensagens e reações que recebo todos os dias, talvez considerasse também. Sempre quero falar com todo mundo direitinho e isso toma um tempo enorme. Enfim, vamos então, finalmente, ao meu diário de uma viciada em Instagram buscando a recuperação:

Dia 1 – a adaptação

Por sorte, o início da minha empreitada pessoal caiu justamente no dia em que fiquei de plantão no Insta do CDD. Isso significa que passei poucas vezes pela minha conta. Só fui fazer alguma coisa relacionada a ela no início da tarde e, mesmo assim, evitei ficar rolando o feed como se não houvesse amanhã ou vendo Stories por tempo indeterminado. À noite, já cansada e querendo me distrair, é que entrei lá de volta. Postei algumas coisas aleatórias no Stories porque a força do hábito não é mole de controlar, hahahaha! Também vi que o Instagram lançou uma função nova chamada Reels. Eventualmente, converso com alguns amigos pelo direct e também acabei engatando alguns assuntos com eles. No geral, foi bem tranquilo – fiquei online por 1h13. A questão maior seria o dia seguinte, que não me demandaria a necessidade de entrar no aplicativo para trabalhar.

Dia 2 – o deslize

No dia seguinte, acordei determinada a nem pegar no celular assim que acordasse, como de costume. Fui comer primeiro. Mas aí, quando olhei pra minha xícara de café… Tinha uma espuminha em formato de coração. <3 Não resisti à coincidência, tirei foto e postei nos Stories, hahahaha! No início da tarde, recebi uma coisa engraçada do meu irmão que já rendeu outra sequência. Alguns amigos responderam por direct e lá fui eu entrar em conversas aleatórias! Estava eu sucumbindo lentamente à tentação. Dei um tempo e, à noite (mais uma vez!), voltei para dar aquela conferida no aplicativo. Comecei aquele movimento de fecha-abre-fecha eterno, o que me fez perceber que 1) esse é claramente um comportamento ansioso, que reflete a maneira que venho me sentindo e 2) meu segundo dia de projeto tinha sofrido diversos deslizes, o que me resultou em 2h56 enfiada por lá.

Dia 3 – a autoenganação

Pela manhã, acabei rolando o feed e vendo algumas coisas interessantes, que então compartilhei nos Stories. Mas só voltei a postar alguma coisa por lá à noite mesmo, depois que já tinha terminado meus afazeres. O problema foi que, nesse meio tempo, começou aquele entra-e-sai por causa dos directs, que acabaram virando também vários minutinhos “inocentes” nos Stories de outras pessoas. Ou seja: mais um dia meia boca da minha proposta, uma vez que fiquei 2h29 no aplicativo. Naquele momento, a dinâmica das redes sociais nunca esteve tão clara para mim. Essa frase que vou escrever agora pode parecer estranha, mas é bem verdadeira: quanto mais tempo a gente passa nelas, mais tempo a gente passa nelas! É como uma bola de neve infinita.

Dia 4 – a esculhambação

Daqui a pouco você para de ler esse meu texto achando que de nada vai adiantar porque eu claramente fracassei! Mas calma que ainda tem mais 4 dias para contar, incluindo esse. Não acordei muito bem e estava bastante ansiosa, o que volta e meia me leva a um comportamento super estranho, mas recorrente: fiquei mais de 1h30 – fácil – olhando meus Stories antigos, que ficam lá nos Itens Arquivados. Pra quê, né? Eu também não sei. Aliás, sei sim. Quando paro pra me reassistir, acabo lembrando que a vida já esteve tranquila e não-tranquila outras vezes. É pra mim como um reforço de que tudo é impermanente e isso me acalma, sabe? Enfim, coisas de pessoa com Câncer no mapa astral, hahahaha! Bom, não preciso nem dizer que, além disso, fiquei rolando o feed, postando coisas nos Stories e respondendo directs – isso que era dia de postar no CDD! Resultado? 2h56 no Instagram.

Dia 5 – a autoenganação (parte 2)

Já de madrugada, ou seja, no dia 05, postei um negocinho nos Stories. Apesar de ter tirado um tempo só pra mim, acabei voltando ao hábito de rolar o feed e repostar porque vi umas coisas legais. Também queria falar sobre um documentário que vi e que gostei. Esse dia foi louco porque eu fiz mil coisas, embora não tenha feito nada, sabe? Fiz 3 videochamadas, almocei, assisti o tal documentário e mais 2 episódios de uma série. Aí, quando fui checar a minha atividade, vi que tinha me autoenganado de novo! Fiquei de cara porque o saldo do dia foram 2h21 só nessas bobeirinhas.

Dia 6 – ferrou tudo

HAHAHAHA Ai, cara. Tô rindo de nervoso de pensar nesse dia aí. Amanheci super determinada, focada nas minhas coisas, mas bastou ficar sabendo brevemente de uma fofoca de famosos pra ir assistir 3 vídeos inteiros de IGTV que, juntos, devem ter me tomado pelo menos uns 40 minutos. Sério, eu não me ajudo, né? hahahaha Mesmo sem postar nada nos Stories, acabei assistindo e comentando os de algumas pessoas – o que rapidamente virou conversas pelo direct. Também inventei de postar uma foto no feed e – adivinha só? – aquelas notificações que não paravam misturadas à curiosidade de saber quem curtiu (alô, crushes) me fizeram ir e voltar loucamente por pelo menos 2 horas. Não preciso nem dizer que ferrou tudo: foram impressionantes 4h55 no app.

Dia 7 – última chance

Ok, o sétimo dia é tão importante que foi também o escolhido para a minha redenção, hahahaha! Acordei determinada a ficar longe do meu Instagram! Tudo bem que a presença na conta do Coisas de Diva ajudou minha empreitada, mas eu juro que me mantive firme também. Acabou que, limpando umas coisas no celular, encontrei uns vídeos antigos de um momento feliz com a minha família e postei nos Stories porque tô morrendo de saudades deles. Também coloquei umas duas outras coisinhas que achei interessantes e pronto! Respondi amigos no direct brevemente, me esforçando pra não esticar muito as conversas. Deu certo: apenas 01h06 enfiada no aplicativo, meu menor tempo da semana!

Resumo da ópera

Eu não sei o que é tempo demais ou tempo de menos numa rede social pra você, então comemorar que gastei pouco mais de uma hora do meu dia com o Instagram pode parecer absurdo ou não! Na verdade, minha ideia com isso teve muito mais a ver com uma tomada de consciência sobre o assunto do que com bater recordes. Tive alguns momentos de clareza sobre o app que já valeram para começar a me perceber melhor nesses tempos em que o celular parece a extensão do nosso braço.

O mais alarmante, para mim, foi ver o quanto a ansiedade está conectada ao uso das redes sociais. E não me refiro somente às notificações que nunca param e nos levam a checá-las. Tem relação também com o fato de eu não saber como canalizar o que venho sentindo em função do isolamento social prolongado – já são quase 4 meses totalmente sozinha. A impressão que tenho é de que o Insta virou, pra mim, uma espécie anestesia instantânea.

Anestesia?

O problema é que isso não resolve meu comportamento ansioso. Aliás, só faz com que piore. Basta observar meus movimentos constantes de entra-e-sai do aplicativo, a mania de ficar atualizando o feed loucamente pra ver se rola algo de novo e a tendência procrastinadora de me deixar perder por horas fuçando coisas aleatórias. E aí, quanto mais me exponho à informação (de qualidade ou não, vale dizer), mais compartilho e mais tempo passo lá. Percebe o looping?

Depois dessa experiência, ficou ainda mais evidente pra mim que aquilo que preciso parar pra ver mesmo é meu feed interior para, quem sabe, fazer novos Stories – HAHAHAHA, isso ficou péssimo, mas tudo bem. Eu vou ficar bem também. Quanto a você, fica o convite para rever a quantidade de tempo que passa no celular e, especialmente a razão que a leva a fazer isso. Quem sabe existam umas revelações interessantes como as que eu tive!