Até breve, Europa!

Há 40 dias, saí de casa com as malas feitas – e, pela primeira vez, sozinha. Era minha volta à Europa depois de mais de um ano. Estava tudo pronto: passagens, casas, escola. Mas o resto era ainda nebuloso, o que me deixava com um misto de ansiedade, alegria e, confesso, uma pontinha de medo.

Horas de aeroportos e voos depois, lá estava eu, com aquele novo pedacinho do Velho Mundo para descobrir. Não conseguia parar de olhar – aliás, essa é a melhor parte para mim, a de ver algo pela primeira vez. Poucos sentimentos são mais poderosos do que esse. Acho que deveriam inventar um nome no dicionário só pra isso.

Me perdi física e mentalmente por aquelas ruas, por aqueles rostos, por aquele acento – para, no fim, perceber que tudo aquilo veio para que eu me encontrasse. Chegar sozinha tem dessas coisas. Vulnerabiliza, mas mostra nosso lado mais versátil e forte. A gente chega de um jeito e sai de outro.

Se um dia o ônibus vai na direção errada, no outro alguém se dispõe a ajudar. Se num dia chove e estraga o passeio, no fim tem chuveiro e roupa para esquentar. Se num dia a saudade bate, no outro tem uma pessoa nova para conversar – e como tem, e como é bom!

Quando dei por mim, já estava deliciosamente engolida. Primeiro por Dublin e sua gente simpática, acolhedora, divertida. Depois por Londres e seus parques, mercados, museus. Duas cidades que me despertaram tantas coisas diferentes – e o desejo de continuar.

Se um dia tive uma pontinha de medo, como disse lá em cima, hoje vejo que ela já não existe. O que brotou aqui ocupou todo o espaço já. Agora não tem mais volta: tem muita coisa pra conhecer, tem muita gente pra trocar, tem muito aprendizado pra acontecer. E tem a vida aqui, afinal.

É, voltei de malas cheias, mas com o coração ainda mais. <3 Por isso, digo: até breve, Europa! Ou melhor: até breve, mundo!